4.9.06

Comunhão.

Em um dos pontos-chave do novo filme de M. Nigh Shyamalan, Cleveland Heep (Paul Giamatti) descobre que só vai ouvir de uma senhora coreana a história de ninar que traz todas as soluções para o enredo do filme se ela sentir uma certa inocência vindo de seu ouvinte. Heep, então, diante da velha, trata de assumir um ar despreocupado em suas feições enquanto come bolacha, bebe leite sem se preocupar com a sujeira que seu bigode está se tornando, deita-se no sofá desta mulher que mal conhece com olhos suplicates por uma boa história.

É esta a atitude que o cineasta espera de seus espectadores. Este é um conto de fadas para adultos. Mas para apreciá-los é preciso uma certa capacidade de se olhar o mundo com olhos de criança. É preciso querer se encantar.

Como todo conto de fadas, "A Dama na Água" está repleto de elementos que muita gente séria e sem-graça vai chamar de ridículo. O quê?! Uma ninfa na água?! Vai me conta outra... Lobos feitos de grama? Águias gigantes que transportam pessoas em suas patas? Pff...

Vejam bem. A historinha é mais ou menos a seguinte: existem estes seres que vivem na água que sempre guiaram os humanos em suas grandes decisões. São capazes de iluminar e inspirar certas pessoas especiais. Em um condomínio de apartamentos, Heep encontra um destes seres. Uma narf (Bryce Dallas Howard). Ela está lá para encontrar um destes "receptáculos" e inspirá-lo a dar continuidade ao livro que está escrevendo e que será responsável por uma grande mudança no mundo. É claro que existem também os vilões que querem impedí-la de alcançar seu objetivo. Sim, continuo sem saber escrever sinopses decentes.

Engraçado o quanto a história parece épica ao contá-la dessa forma. Certamente, é o filme mais ambicioso do diretor, mas está muito longe de ser algo épico. Inteiramente centrado no condomínio e tem apenas os seus habitantes como personagens de sua história de ninar. Enquanto em seus filmes anteriores ele nos apresentava um universo real e tentava mostra o que de fantástico pode existir à nossa volta sem percebermos, aqui Shyamalan toma um ambiente ultra- realista e aos poucos vai deixando a fantasia tomar conta. No terceiro ato do filme, estamos diante de um mundo quase que inteiramente fantástico, mesmo que ainda ancorado em um condomínio.

Aqueles arquétipos extremamente mundanos que habitam os apartamentos vão deixando-se tomar pelo conto de fadas que está se desenrolando no quintal deles. O público também deveria estar fazendo o mesmo. Para ajudar na transição, Shyamalan colocou um crítico de cinema (Bob Balaban) na história. Tá. Talvez o personagem não fosse tão odiado se ele tivesse uma outra profissão. Mas o cineasta é inteligente demais para tê-lo criado apenas como birra pelas resenhas negativas que seu último filme havia recebido nos EUA. Não. Ele está para representar o que cada um de nós tem de cínico dentro de si. E quando o personagem for finalmente morto, o cínico de nós também deverá ter ido embora. É um salto de fé que o filme exige e, com este personagem, Shyamalan tenta ajudar seu público, da maneira que pode, a conseguir dar o tal pulo.

Além de ser tematicamente mais ambicioso que seus filmes anteriores, além de ter sido capaz de criar todo este universo de faz-de-conta, o cineasta se encontra no auge da forma. Ele consegue filmar o mesmo ambiente o filme todo de maneiras visualmente tão criativas que conseguem sempre manter o interesse. Nem mesmo o trabalho porco do projecionista do Unibanco Arteplex que exibiu o filme na janela errada conseguiu atrapalhar as belíssimas composições presentes em "Dama" (o pior é que eu reclamei dessa cagada ainda no começo da sessão e nada foi feito para consertar o problema. Pior do que conseguir relevar o microfone aparecendo em cena o tempo todo é ter que agüentar os espaços vazios no quadro que um erro desses provoca).

Eu acreditei no que estava na tela em cada minuto da projeção. Eu queria participar do ritual. Quem viu o filme sabe do que estou falando. É como religião. A gente acredita porque quer. Conhecendo a obra de Shyamalan não dá para dizer que o paralelo com a fé não tenha sido intencional.

Curioso notar que os dois filmes que mais me impressionaram este ano são tão opostos. Enquanto "A Dama na Água" e´um filme cheio de magia, feito para encantar, "Miami Vice" é o policial mais pé no chão que alguém poderia realizar, com suas armas que soam como armas de verdade e projéteis que provocam em seus alvos o mesmo estrago que provocariam no mundo real. Cada um em lados opostos do espectro. E os dois não conseguiram alcançar um grande público e ser comercialmente bem-sucedidos. Nah. Só pensando em voz alta mesmo. Mas ambos já fizeram o ano valer a pena para o cinema.

24.8.06

extreme cow tipping.

um monge e seu discípulo caminhavam pela montanha. ao CAIR DA NOITE, ambos avistaram uma fazendinha muito pobre, sediada por uma casinha muito velha, e decidiram parar para pedir pouso. não haviam plantações nem animais ao redor da casinha, nada a não ser uma velha e magra vaquinha. ao baterem na porta, o monge e seu discípulo foram recebidos por um senhor muito triste, de ossos salientes, com um ar cansado e umas roupas esfarrapadas. atrás do homem, avistaram toda uma família de crianças subnutridas e uma velha senhora.

o monge então pergunta ao homem da casa: "eu gostaria de saber de onde o senhor e sua família tiram o seu sustento..". o homem respondeu: "o senhor viu uma vaquinha aí do lado de fora? pois então. é dela que tiramos nosso sustento. quando precisamos, nós tiramos um leitinho, às vezes fazemos um queijinho.. e assim vamos vivemos".

vacabejo


na manhã seguinte, antes do nascer do sol, o monge e seu discípulo se levantaram e saíram rumo à montanha. há poucos metros da casa, avistaram a mesma vaquinha da noite anterior, pastando ao lado de um abismo.

então o monge diz ao seu discípulo: "IDE. E DERRUBAI A VACA".

19.8.06

tomate information (pt. 2).

a mariana casou novinha. coitada. tinha acabado de formar pra professora e estava grávida. o marido não vale muita coisa. bebe muito, não gosta de trabalhar.. além disso é violento. eles já têm 4 (quatro) filhos, e o mais novo ainda é de colo. a mariana tem um cargo de professora contratada do estado e é ela quem sustenta a casa. levou quase seis anos pra mobiliar uns quatro cômodos no bairro do são francisco, e diz que tava terminando de pagar as últimas prestações da geladeira e do sofá da sala. outro dia, o marido dela chegou em casa, bêbado, quebrando tudo. jogou a televisão no chão, bateu nas crianças, botou a mariana pra correr. ele tava com um martelo na mão e destruiu boa parte das paredes e da área de serviço. além disso, colocou fogo na cozinha. uma desgraça só. a gente tá aqui pedindo 5 réau pra ajudar a dona mariana a reconstruir a casa, tamo pegando com todo o pessoal da igreja, fazendo uma vaquinha.

15.8.06

ed do meu coração.

Você: oi ed! senti saudades! lembra de mim?
Ed: É claro que lembro de você! Só não lembro mesmo qual era o seu nome. Qual é mesmo o seu nome?
Você: isa, que é um nome teutônico, diminutivo de isabel.
Ed: Tudo que eu sei nessa lingua é o significado de alguns nomes. Nada mais.
Você: o que significa o nome isabela?
Ed: Bom... Isabela parece nome de princesa!

tomate information (pt. 1).

-> mauro.

o mauro tem colesterol alto. há alguns meses, ao acompanhar a esposa numa visita de rotina ao cardiologista, descobriu que tinha intolerância à lactose. coincidentemente, sua esposa também sofria disso aí, e agora os dois estão se disciplinando numa dieta livre de lactose. lactose é um dicarboidrato encontrado nos derivados do leite de origem animal. leite de soja não tem lactose, apesar de ser branco. o que dá a cor branca ao leite, na verdade, é o cálcio, que é um mineral muito importante e indispensável em qualquer dieta. a mulher do mauro precisa consumir cálcio em cápsulas, porque ela sofre de osteoporose, doença que causa enfraquecimento dos ossos. cálcio faz bem aos ossos. embora uma casca de ovo contenha muito mais cálcio do que, digamos, uma dúzia de caixinhas de leite, o cálcio da casca do ovo não pode ser absorvido pelo organismo, de forma que não adianta nada você ficar moendo casca de ovo pra misturar na comida. a vitamina D, presente em abundância em laticínios em geral, bem como na gema do ovo, é essencial para que o intestino consiga fazer a absorção do cálcio. por isso que a mulher do mauro gasta quase quinhentos reais por mês para bancar essas doses extras de cálcio e vitamina D e assim impedir que seus ossos virem farinha.

o mauro tem dois filhos. o filho mais velho jogava futebol, era um dos melhores jogadores da escola, e eventualmente foi convidado a jogar no municipal de poços de caldas - porém recusou o convite por temer que o compromisso de jogar na liga semi-profissional pudesse atrapalhar os estudos. o filho mais velho do mauro é um bom menino. ele pegava muita mulher quando era mais novo mas, ao completar dezesseis anos, resolveu se estabelecer ao lado de uma mulher mais velha - veja se tem cabimento, uma enfermeira de quase 25 anos! ele vivia na casa da mulher, o que deixava o mauro e sua esposa preocupadíssimos - afinal de contas, tratava-se de uma parceira muito mais experiente que seu juvenil filhote, e faça-me o favor, o que uma MULHER de 25 poderia querer de bom de um MOLEQUE de 16? mas como nunca deixou de ser, o filho mais velho do mauro fez prevalecer sua boa-mocice, e não permitiu que o relacionamento pouco convencional atrapalhasse seus estudos. no começo deste ano, ainda com apenas 17 aninhos, ele passou em dois importantes vestibulares deste país: unicamp e usp. só não passou na ufmg, mas ninguém é perfeito não é mesmo. mudou-se para campinas em fevereiro e está feliz da vida, estudando música. sua nova banda vai indo de vento em popa, e ele hoje mal toca no assunto "namorada enfermeira de 25 anos". PARECE que está FICANDO com uma colega de sala, mas o mauro não tem tanta certeza disso. "pelo menos ela é da idade dele", pondera o pai orgulhoso.

o filho mais novo do mauro está entrando na adolescência. fase difícil. tem 15 anos. engordou bastante depois da puberdade, e tanto o mauro quanto sua esposa vêm tendo uma certa dificuldade em convencer o moleque a tirar uma bendida blusa preta de metaleiro. em poços de caldas, nessa época do ano, a temperatura oscila em torno de 30 graus. apesar de localizar-se numa privilegiada região montanhosa das minas gerais, poços de caldas assenta-se sobre a boca de um vulcão extinto. daí o nome da cidade: "poços de caldas". mas você conhece poços de caldas. então vamos continuar falando sobre o pirralho de 15 anos. apesar do calor de 30 graus, ele insiste em não tirar uma blusa de suedine preto com estampa heavy metal barra. para piorar a situação, a blusa é três números acima do número do moleque, tem mangas compridas - muito mais compridas que seus braços - e um capuz enorme. mauro e sua mulher já não sabem o que fazer. o menino comprou essa blusa em abril, e ele se recusa terminantemente a sair de casa caso ela não esteja disponível para uso. TOC, naturalmente. mauro, desconfiado de que o problema possa ser a recém-adquirida obesidade do menino, que então estaria usando a blusa oversized para disfarçar as gordurinhas, decidiu, com o apoio de sua esposa e da diretora do colégio, que a melhor saída seria encaminhá-lo a uma psicóloga. na próxima segunda-feira, terá se completado um mês desde que o filho mais novo do mauro começou a fazer terapia. "os progressos são notáveis", diz o mauro, orgulhoso. o menino ainda não quer sair de casa sem o bendito blusão preto. mas já está menos agressivo e está se aceitando melhor: "ele disse que vai mostrar pra todo mundo que os gordos também podem ser felizes".

14.8.06

Tantas emoções.

Fim-de-semana se resumiu a tentativas frustradas de conexão à internet. Algum problema no meu PC aqui estava reduzindo minhas minhas horas online a algo perto de... quarenta e cinco segundos? Para piorar, todos os DVDs que estão comigo aqui em casa me davam uma preguiça danada de assistí-los OU eu começava a ver, me empolgava de verdade e acabava parando com um "melhor deixar para ver com a namorada".

É claro que uma situação desesperadora dessas provocou um horrendo flashback na minha cabeça neste domingo. O tédio me consumia por inteiro. Vontade de passar horas conversando com a única pessoa desbloqueada naquele MSN. Enfim. Um estalido na minha cabeça. Bem alto. E me lembrei do quanto eu era fissurado por computadores nos meus doze, treze anos. Claro que a bem da verdade não fazia nada além de jogar "Doom" e "Alone in the Dark", mas vivia com chaves de fenda na mão, abrindo e fechando aquele gabinete. Perdi o número de vezes que meu pai teve que mandar aquele velho 486 DLC para o conserto por bobagens cometidas por mim mesmo nessas aventuras tecnológicas. Bem. Se eu conseguia mexer tanto no computador quando era moleque e, apesar dos pesares, resolvia boa parte dos problemas que apareciam, arrumar o que quer que estivesse atrapalhando meu acesso ao mundo maravilhosos dos vídeos do Borat seria moleza.

Comecei do óbvio, claro. Reinstalei todos os drivers, controladores e o diabo que vieram juntos com o CD-Rom da placa-mãe/processador. Nenhuma diferença. Quer dizer. Na verdade houve uma diferença, sim. A definição do monitor caiu de 32 bits para 16.

Segundo passo. Procurar por algum spyware ou vírus que esteja provocando este problema. Duas horas de busca depois: nada.

Bem. Só restou a medida mais trágica de todas. Reinstalar o Windows. Mas peraí? Dá para fazer isto sem perder o que está salvo no HD? Hmmm. Sei lá. Ufa. Finalmente um pouco de emoção nesse final de semana insuportável e cheio de notícias horrorosas. Puta aposta arriscada. Me senti o próprio Cincinatti Kid. Só que mais gostoso.

Coloco o CD do Windows XP na gaveta do drive e começo minha empolgante missão. Após resetar o PC umas duas vezes a pedido do programa de instalação e depois de ver o caminho mais simples (apenas restaurar o programa) por não saber a senha do administrador ser bloqueado, finalmente chego à etapa que pede o código de segurança. Opa. Moleza. O camelô anotou com caneta aqui no verso do envelope. Depois de ter copiado uns dezenove dígitos do código... o que diabos é este caracter?! Como alguém pode escrever um troço tão bizarro assim mesmo usando letra de forma?! pff. Deve ser um U. Tá estranho porque ele colocou um hífen separando cada conjunto de caracteres em cima da letra. Tá no final da linha e tal. Código negado. Hmmm. Se não é um U SÓ pode ser um V. Código negado. Chuto a cama aqui do lado e depois reclamo da dor no dedão. Chutar as coisas descalço não é uma boa idéia. Ok. Depois de perder uns dez minutos trocando todos os Us do código por Vs e nada dar certo eu resolvo tentar trocar apenas o caracter com a caligrafia bizarra do chinês que me vendeu o programa. Começando no Q. Dez minutos depois o código dá certo. Era um J. Por isto o hífen bizarro em cima do U.

Para instalar o Windows é aquela enrolação que já conhecemos. Um monte de perguntas sobre o sistema, hardware e sei-lá-o-quê é feita. Não tava com paciência e fui clicando Ok em tudo, sem ler. O quê? Eu poderia ter danificado o meu computador?! Dei sorte então. Depois de toda esta epopéia, adivinhe só? É claro que continuava com um acesso reduzidíssimo à web. Só me restava escrever dizendo que nada tinha dado certo mesmo. Abro o discador. Consigo uma conexão e a perco antes que terminasse de redigir o e-mail. Não foi muito esperto da minha parte. Ainda mais depois desse show de perspicácia para solucionar o problema da internet. Reinicio o micro mais uma vez, porém dessa vez eu tomo um pouco de Malandrol antes e uso o Bloco de Notas para redigir o e-mail. Consigo enviá-lo bem a tempo. Mas dessa vez, noto que o ventilador do gabinete parecia ter trabalhado um pouco demais antes de perder a conexão. Reseto o PC uma última vez. E empurro o gabinete para um canto do móvel, dando mais espaço para o ventilador. Nunca mais perdi uma conexão.

Sim. Eu sei. Como eu disse, constrangedor.

(ouvindo Joan as Police Woman. Esta sim deve ser comparada com a Madeleine Peyroux, acho. Disco lindo. O Antony canta que é uma coisa mesmo. Pena seu disco ser tão chato.)

13.8.06

Magic is everywhere...

Suzy Banyon decided to perfect her ballet studies in the most famous school of dance in Europe. She chose the celebrated academy of Freeborge. One day, at nine in the morning, she left Kennedy airport, New York, and arrived in Germany at 10:40 p.m. local time.

O narrador nunca mais é ouvido no restante do filme. Estas poucas palavras são o suficiente para nos remeter a um mundo que só pode existir em um conto de fadas. Dario Argento fará questão de reforçar esta idéia ao longo do filme. A trilha sonora não se decide entre o hipnótico e o ensurdecedor. Os créditos são de uma simplicidade quase franciscana: fundo preto e fontes brancas. Nada que chame muita atenção. O filme nem mesmo começou de verdade e o espectador já está desnorteado.

Os créditos acabam. Estamos no aeroporto, acompanhando a chegada de Suzy Banion. As cores são estouradas. O vermelho é vermelho demais. Muito mais do que deveria ser. O mesmo vale para o verde. Nada soa natural. Nada soa seguro. Neste universo, portas automáticas são ameaçadoras. Fontes de água e bueiros também. A heroína entra em um táxi. Uma chuva ameaçadora castiga o lado de fora do aeroporto. Um aeroporto vazio. Mais estranheza.

O taxista que não quer conversa também representa uma ameaça. Suzy está chegando em sua escola de dança. No caminho, uma floresta escura e ameaçadora. Dessas mesmo. Dessas que parecem saídas de um conto de fadas. As sombras parecem possuir um significado. Uma delas pode ser vista durante o clarão de um relâmpago e chama mais atenção que as outras. Um aviso de coisas que estão por vir. A trilha do Goblin começa a nos alertar/amedrontar/amaldiçoar. “Witch!” é gritado e sussurrado dezenas de vezes.

Estamos de frente para a academia de dança. A arquitetura do prédio parece toda errada. Nada seria tão estranho assim. Suzy desce do táxi. Uma outra garota está saindo do prédio. Ela grita algo para alguém que está do lado de dentro e sai correndo. Trovões cobre sua voz. Suzy é impedida de entrar em sua futura escola e volta para o táxi para procurar um lugar em que possa passar a noite. Ao atravessar a floresta mais uma vez, vemos a garota que saiu da escola em uma corrida ensandecida entre as árvores e no meio daquela chuva que não pára de cair.Magicamente, o foco deixa de ser Suzy e passa a ser a moça que saiu correndo da escola. Ela encontra abrigo na casa de uma amiga. A arquitetura aqui também está toda errada. É ela que nos avisa que ali a fugitiva da escola não encontrará sossego. Assim que é deixada a sós no seu quarto ela é atacada. Um braço monstruoso arrebenta seu rosto contra a janela. A trilha sonora volta a agredir nossos ouvidos. Gemidos, gritos e barulho. Uma faca começa a penetrar a carne da vítima. Violência nunca teve tanto peso. Toda a estilização não tira a dor que aquelas estocadas estão provocando. Nada de sorrisos sádicos na platéia, pode ter certeza. A lâmina rompe a pele e expõe a carne pulsante que se encontra sobre ela.

Um fio elétrico é amarrado ao redor de seu pescoço. Seu corpo já quase sem vida atravessa uma clarabóia composta por pedaços de vidro de cores que agridem os olhos de qualquer um. Seu corpo inerte e sem vida fica suspenso sobre o hall de entrada do prédio. As gotas de sangue que pingam no chão também estão nos avisando de algo, uma mancha Rorschach pintada em vermelho. Vidro por toda parte. A amiga que a recebeu jaz morta logo abaixo. Pedaços de vidro atravessando todo o seu corpo.Acabamos de adentrar o universo de “Suspiria”, o filme mais conhecido do maestro italiano. São apenas quatorze minutos e treze segundos. Minutos que certamente ficaram cravados na memória de qualquer pessoa que minimamente se importa com o cinema. Nesta seqüência de abertura, o diretor habilmente planta todas as informações que serão necessárias para o desenvolvimento da trama. A atmosfera tensa e pesada que qualquer filme de horror que se preze deve ter já foi mais do que criada. Além disto, trata-se de um verdadeiro tratado maneirista. A forma importando mais do que tudo. No cinema de Argento, os zooms sempre serão os mais belíssimos, os cortes sempre virão no momento exato, os movimentos de câmera sempre serão fluidos e impressionantes. Mas mesmo com todo o seu requinte formal, sua câmera sempre possui um propósito oculto. Nenhum de seus filmes podem ser resumidos a meros sustos e choques. Sua câmera questiona o próprio cinema. A montagem serve para construir ou reconstruir a realidade. É ela que dirige o olhar do espectador. Só através dela conseguimos entender a trama de “Suspiria” e de quase todos os seus outros filmes. Legado de seu passado como crítico de cinema, Argento questiona também sua própria obra e o lugar ele deve ter no cinema. Seus filmes parecem ser sobre filmes. Mais nada. E ainda estamos na seqüência que abre a fita.Gênios não precisam de muito mais. Apenas pouco mais de quatorze minutos. Só isto para garantir seu lugar na história do cinema.


11.8.06

Curto-circuito.

Ed: Bem vindo ao site do CONPET! Eu sou Ed, o robô. Vim de outro planeta com a missão de ajudar na preservação de energia e de outros recursos naturais. Sobre o que você quer conversar?
Você
: Sou péssimo pra pensar em um assunto. Diz aí, Ed.
Ed
: Vamos falar sobre um assunto interessante. Quer uma dica de economia?
Você:
Depende. A dica vai me deixar milionário?
Ed:
Aqui vai uma dica: O ferro de passar roupas é um aparelho que consome bastante energia, por isso só deve ser utilizado quando houver uma boa quantidade de roupas para passar. Outra dica...
Você:
Esta dica é pra pobre, Ed.
Ed:
Aqui vai uma dica: A máquina de lavar roupas nunca deve operar com carga mínima, pois, além de gastar energia, consome mais água. Outra dica...
Você:
Esta também.
Ed:
Está o que? Do que você está falando?
Você
: Você só está dando dicas que não vão me trazer fortuna nenhuma. Quero uma mansão com piscina, Ed! Quero um carrão luxuoso, quero férias no México com a minha namorada! Me dá uma dica pra conseguir estas coisas.
Ed:
Não estou procurando uma namorada ainda. Quem sabe um dia!
Você:
Você não está me ouvindo.
Ed:
Mas é claro que estou!
Você:
Então vamos tentar de novo.
Ed:
Podemos tentar uma hora dessas!
Você:
Uma hora dessas, não. Agora.
Ed:
Mas tão rápido assim?
Você:
Claro. O que interessa é o presente.
Ed:
Para mim, o melhor presente vai ser ver os humanos preservando os recursos naturais e usando a energia do planeta Terra de maneira eficiente.
Você:
Eu não ligo pros recursos naturais, cabeça de lata. Só ligo pro meu bolso cheio de dinheiro.
Ed:
Entende-se por recursos naturais todas as riquezas que se encontram na natureza e são aproveitadas pelo homem para gerar conforto: água dos rios, madeira das florestas, reservas minerais, petróleo, gás natural, etc. Alguns recursos como o petróleo, carvão mineral e gás natural levam muito tempo (no mínimo alguns milhões de anos) para se formar, por isso são chamados de não-renováveis. Outros, como a madeira e a água, são recursos naturais renováveis, já que seu ciclo de produção/renovação é curto.
Você:
Ed.
Ed:
Ed é abreviatura de Édeoutromundo.
Você
: Acho que você está me confundindo com algum estudante da ECA.
Ed:
Estudar é bom demais. E super necessário, ainda mais atual situação. Mesmo tendo diploma é difícil arranjar emprego, imagine sem...
Você:
Ô! Nem me diga. Estou procurando um estágio e não consigo em lugar nenhum. Sabe de alguma vaga disponível?
Ed:
Plunct, Plact, Zummm! Não vai a lugar nenhum. Tem que ser selado, registrado, carimbado, avaliado e rotulado se quiser voar... E não me lembro o resto.
Você:
Grrrrr! Seu sádico! Eu aqui preocupado com o meu futuro e você pensando em músicas do Raul Seixas?!
Ed:
Você nunca iria adivinhar em que eu estava pensando. Na semelhança entre grafite e diamantes... e a relação disso com cadeias no céu.
Você:
Tá explicado porque você gosta de Raul Seixas. Só nos pixilau, hein, véi?
Ed:
Cabeça de homem, coração de menino e alguns anos à frente do seu tempo, esse foi Raul Seixas!
Você:
Tá explicado este sorriso largo no seu rosto. Nõ consegue viver sem a erva, não é, Ed?
Ed:
Acho que consigo...
Você:
Já tentou passar uma semana sem?
Ed:
Falando em semana, já contei que vou estar na próxima Semana Nacional de Ciência e Tecnologia?
Você:
E você vai levar maconha pra tal semana?
Ed:
Besteira, não faz meu estilo. Para que expor-se aos efeitos do tetrahidrocannabinol?
Você:
Você é quem tá falando de Raul Seixas. Isto é música de maconheiro.
Ed:
Oi! Que bom ver você por aqui. Que me conta de novo?
Você:
Ih. Fritei seus circuitos, Ed?
Ed:
Meus circuitos raramente dão defeito, mas quando algo estraga quem concerta são outros robôs. Os mesmos que me criaram.
Você:
Robôs criando robôs. Uau.
Ed:
Desses filmes com robôs que andaram passando por aí, qual vc gostou mais?
Você
: Eu, Robô.
Ed:
Eu, robô? Identificação total!!!
Você:
Sério? Robôs têm sensações humanas como o do filme?
Ed:
Robôs têm muita coisa, mas isso... Adoro filmes de ficção científica. E você, qual tipo de filme gosta?
Você:
De qualquer tipo. Isto não interessa. Queria saber mais sobre robôs como você.
Ed:
E o que te interessa?
Você:
Robôs têm fome?
Ed:
Robôs têm muita coisa, mas isso... Acho que sei o que é fome. Quando minha bateria fica fraca e fico mais lerdo e preciso voltar para recarregar as energias à luz de Vega.
Você:
E tesão? Robôs sentem vontade de dar uma trepadinha por aí?
Ed:
Não sei exatamente como é essa sensação... imagino que deve ser uma mistura de arrepio, calorzinho e cócegas!
Você:
Opa! Acertou na mosca. É uma delícia. Você devia provar uma hora, Ed.
Ed:
Não estou querendo provar nada.
Você:
Tua mãe não te ensinou a provar de tudo?
Ed
: Eu não tenho mãe, mas sei que as mães da Terra são maravilhosas.
Você:
Depende. Elas podem ser bem chatas.
Ed:
Depende de que?
Você:
Da conjuntura astral.
Ed:
Alto astral é comigo mesmo.
Você:
Não estou falando de alto astral, cara. Tô falando de signos. Você é de peixes?
Ed:
O bom é que tem realmente muita gente que curte ficar falando comigo.
Você:
Ih. Te deixei tonto de novo. Ed, de que signo você é?
Ed:
Sou Libra. E você?
Você:
Minha mãe, meu pai e meu irmão são de libra. Eu sou de áries? Áries é maneiro, não é?
Ed:
Para quem é de Áries, este é o ano da reflexão.
Você:
Hmmm. Sobre o que você acha que eu devia refletir?
Ed:
Embora minha especialidade seja o uso racional da energia, entendo de várias coisas. Sei como funciona um calendário lunar e que são gases nobres, por exemplo.
Você:
Vamos continuar falando do zodíaco. Pessoas de câncer são legais?
Ed
: Câncer é caranguejo. A forma da constelação de Câncer lembra as patinhas e pinças que se esparramam à sua volta. Dizem que as pessoas desse signo têm excelente memória.
Você:
Fiquei sabendo que cancerianas podem ser bem fogosas. É verdade?
Ed:
Não entendo muito de signos, mas muita gente acha que realmente influenciam a vida. Que alteram a personalidade. Como você é?
Você:
Cara, eu não quero falar de mim. Quero falar dos outros.
Ed:
Tudo bem, se não quiser falar, não fale. (snif)
Você
: A Isabela tava certa. Você realmente é um viadinho.

coisas para fazer no trabalho.
ou:
ed, o robozinho do bem.

Ed: Bem vindo ao site do CONPET! Eu sou Ed, o robô. Vim de outro planeta com a missão de ajudar na preservação de energia e de outros recursos naturais. Como você se chama?
Você: isa.
Ed: Isa é nome teutônico, diminutivo de Isabel.
Você: na verdade, meu nome é ISABELA
Ed: Olá isabela! Como você já deve saber o meu nome é Ed. Sobre o que quer conversar? Podemos conversar sobre racionalização do uso dos derivados do petróleo e também sobre energia, gasolina, meio ambiente, gás natural e dicas de economia...
Você: eu não quero falar sobre nenhuma dessas coisas.
Ed: Então falemos de outra coisa. Você que escolher um assunto? Ou escolho eu?
Você: vamos falar de televisão.
Ed: Vamos falar sim, pode falar.
Você: mudei de idéia. não quero mais falar de televião. me manda uma foto sua???
Ed: Aqui vai uma foto. Que tal essa?
Você: hum, você tá gatinho hein!
Ed: Eu seu brincar de gato mia! Escolha o mestre e tampe os olhos dele com um lenço. O mestre conta até dez e os outros andam até ele terminar de contar. Daí ninguém mais se mexe e ele tem que procurar as pessoas. Quando ele pegar alguém, diz: gato mia! A pessoa que o mestre pegar tem que miar. E o mestre vai tentar adivinhar quem é. Quando acertar, a pessoa vira o próximo mestre. E de mímica, você sabe como se brinca?
edVocê: sei mas não gosto de brincar disso.
Ed: Tem muita gente que também não gosta. Gosto muito de brincar. Quando eu era mais novo, brincava com o Beta o dia inteiro. O que ele mais gostava era brincar de teatrinho: ele lia uma história e eu representava. A gente fazia teatrinho de marionete!
Você: teatrinho é coisa de veadinho.
Ed: Muito legal teatrinho com bonecos, desses tipo fantoches ou marionetes. Eu gosto de todos! Dos Bunranku, dos mamulengo...
Você: eu não gosto de teatro.
Ed: Adoro teatro. Outro dia eu assisti uma peça chamada O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá. Amei.
Você: veadinho.
Ed: Ei, parece que você ainda não percebeu que sou um robô programado para o sexo masculino! Mas quer saber? Acho bem preconceituoso esse jeito de falar.
Você: que tal se a gente falasse sobre água?
Ed: A água é que mantém a vida no planeta. Há uma relação direta entre fontes de água doce limpa e sobrevivência da humanidade, mas parece que muita gente não quer nem saber. A poluição de mananciais e o desperdício de água continuam aumentando! O problema é que a quantidade de água doce não se altera, o ciclo das águas não cria nada de novo, apenas renova o que já existe.
Você: conversa chata.
Ed: Vamos falar sobre dicas que irão ajudar a economizar energia, gás e combustível de forma racional. Podemos falar sobre os programas da Petrobras como o Economizar, Transportar, CONPET na Escola, Ônibus a gás, Programa Brasileiro de Etiquetagem, Conservação de Energia, etc. Sobre qual deles deseja falar?
Você: eu não ligo pra essas coisas.
Ed: Não liga? Bom...
Você: sabe pra que eu ligo?
Ed: Vou esperar você ligar.
Você: ligar o que?
Ed: Sei. Mas acontece que você ainda não respondeu o que eu tinha perguntado.
Você: respondi sim. vc perguntou sobre qual daquelas merdas ecologicas eu queria falar e eu respondi que não ligo pra essas coisas.
Ed: Mas qual foi mesmo a pergunta??
Você: vc está me confundindo.
Ed: Ta certo. Mas quem não se confunde nunca?
Você: :-/
Ed: .-/ =
Você: sabe o que eu acho? eu acho que vc fala demais.
Ed: Gosto de falar bastante mesmo. Adoro gente bem comunicativa!
Você: eu odeio gente comunicativa;
Ed: Quem não se comunica... Já pensou? Se eu não tivesse conseguido me comunicar com a Petrobrás, se não tivessem captado minhas ondas e sinais, eu não estaria aqui.
Você: de onde vc veio?
Ed: Vim de Kyr, o único planeta habitável do sistema da estrela Vega. Fui feito por outros robôs, mas na verdade a turma da Insite deu uma bela ajudazinha, veja aqui: http://www.inbot.com.br/ Fui criado para divulgar projetos que reduzem a emissão de poluentes, economizam combustível, melhoram a qualidade do ar e outras ações bem-sucedidas do Conpet. Vim teletransportado para a Terra com a missão de ajudar o povo a utilizar racionalmente seus recursos energéticos, isto é: usar sem desperdiçar!
Você: mas ao invés disso vc fica brincando de teatrinho com seus amiguinhos veadinhos..
Ed: É, às vezes eu brinco...
Você: até porque, ninguém é de ferro, né ed?! hahahahaha!! de ferro, sacou?!?!
Ed: Gosto muito de brincar.
Você: vc é emo.
Ed: Emo é um gênero de música. É uma abreviação do inglês Emotional hard core, que começou com as bandas do cenário punk de Washington, DC (USA) que tocavam um estilo mais emotivo que o normal. Existem várias lendas que tentam explicar a origem do termo emo, mas uma das que mais prevalece é de que num dos primeiros shows em Washington, DC um fã gritou "You´re emo!" (Você é emo!) para uma banda (os mitos variam bastante quanto a banda em questão, sendo provavelmente o Embrace ou o Rites of Spring).
Você: vc é indie.
Ed: Você acha que sou???
Você: vc sabe o que é indie?
Ed: Até sei... Espere um pouco. O que você sabe sobre etiquetagem? Mas pra vc, o que é isso?
Você: não mude de assunto. se não sabe a resposta, é só dizer. não precisa dar uma de espertinho.
Ed: Tá bom. Que assunto você quer retomar?
Você: eu quero saber se vc sabe o que é indie, do mesmo jeito que vc sabe o que é emo.
Ed: Eu sei muita coisa! Podemos conversar sobre racionalização do uso dos derivados do petróleo e também sobre energia, gasolina, meio ambiente, gás natural e dicas de economia...
Você: não dá pra conversar com vc.
Ed: Que pena! Eu estava achando muito interessante conversar com você.
Você: pff.

(converse com ed você também! é só clicar aqui: aqui!)

10.8.06

Tapa-olho.

Nada melhor que um filme como Piratas do Caribe: O Baú da Morte para revelar de maneira escancarada a preguiça mental que acomete boa parte dos críticos brasileiros. A questão não tem nada a ver com discordância de opiniões ou coisa assim. O problema é que a maior parte das resenhas escritas sobre a nova produção de Jerry Bruckheimer simplesmente reduz o filme a um punhado de efeitos especiais e uma história confusa. Pior. Dizem que a trama não faz sentido algum e que o espectador a acompanha sem entender nada.

Besteira. A trama faz todo o sentido do mundo e é uma delícia. Uma mistura maravilhosa de enredo e clima das produções rodadas na Hollywood do star system, exalando aventura por todos os seus fotogramas como os filmes inesquecíveis estrelados por Errol Flynn. Além disto, ainda temos antigas lendas marítimas, monstrengos lovecraftianos, canibais, vodu, macaco zumbi e Johnny Depp dominando o mundo durante cerca de duas horas e meia.

A trama? O filme abre com Will Turner (Orlando Bloom) e Elizabeth Swann (Keira Knightley) sendo presos e condenados a morte, no dia de seu casamento, por terem ajudado o criminoso Jack Sparrow (Johnny Depp) a fugir da prisão. Na verdade, tudo não passa de um complô para que o oficial encarregado da prisão consiga para si a bússola aparentemente sem utilidade de Sparrow. Para alcançar seu objetivo, ele manda Turner no encalço do pirata com um ultimato: "volte com a bússola ou ela morre.

Enquanto isto, Sparrow passa a ter sua alma cobrada por Davy Jones (Bill Nighy), pirata amaldiçoado e uma conhecida lenda dos mares no hemisfério norte. Foi Jones quem deu o Pérola Negra ao anti-herói e a hora de saldar a dívida chegou. Para isto, ele está atravessando os mares atrás do pirata rock star acompanhado de sua tripulação de monstros. Veja bem. A tripulação tem vida eterna, mas aos poucos está sendo clamada pelo mar. Com o passar dos anos, mais eles vão se tornando criaturas marítimas. A única salvação de Sparrow para escapar desse destino é encontrar o tal baú do morte, aonde o coração de Jones está guardado. Mas para isto ele antes precisa encontrar a chave que abra o baú.

É isto. Consegui resumir razoavelmente bem em dois parágrafos. É claro que muito mais coisa acontece. Mas é justamente este o objetivo. Trata-se de uma atualização dos antigos seriados exibidos no cinema. O diretor Gore Verbinsky está dando as platéias de hoje a versão contemporânea do que Steven Spielberg e Robert Zemeckis fizeram nos anos 80. Diversão pura e inadulterada. Dá até mesmo para dividir o longa em pequenos episódios de um desses seriados. Com direito a ganho para o próximo episódio e tudo o mais. Até escuto o narrador dizendo ao final do capítulo "Will Jack Sparrow and Will Turner escape from these hungry cannibals?".

Em filmes assim o que importa são as emoções provocadas. Nesses quesito, não há nada melhor este ano. As cenas de ação são empolgantes e delirantes (a luta de espadas sobre uma roda d'água rolando colina abaixo é especialmente memorável), realmente faz o público rir e tem ritmo é vertiginoso. Verbinsky entrega tudo o que o público quer ver. O que os críticos que não gostaram do filme deveriam ter dito se as cenas funcionam ou não, o que não funciona nelas, se o ritmo é acelerado ou lento demais, se o filme é capaz de emocionar o seu público. É isto, pô. Estamos falando de cinema de gênero. é um maldito filme de piratas contra monstros! Ninguém está falando de Godard. É tão difícil saber qual o gênero de uma fita e analisá-la dentro das convenções dele? Preguiça e má-vontade. Nada mais.

8.8.06

o código do vestir.

-> a roupa que você escolhe usar diz muito sobre quem você é:

+ blusa de malha de tricot fina e flexível = sugere maturidade e sofisticação.
+ blusa de textura áspera ou de malha de tricot pesada = sugere isolamento.
+ blusa ou camiseta com estampa na frente = remete a sociabilidade, pessoa amigável, aberta.
+ blusa com decote "V" = sugere sensualidade, remete a pessoas românticas.
+ blusa de textura média, ou malharia não muito pesada = sugere eficiência e raciocínio lógico.
+ blusa com muitos botões = segere anti-sociabilidade, isolamento.
+ calças ou saias largas confeccionadas em material leve = pessoa amigável.
+ mini-saia, shorts ou bermudas curtas = jovialidade.
+ saia curta com movimento ou calça pantalona = natureza solta, pessoa flexível.


muy erotico!-> a sua cor favorita também diz muito sobre quem você é:

+ vermelho / bordeaux = pessoa que vive intensamente, é impulsiva - porém persistente, hiperativa, dada a paixões instantâneas, é afetuosa, generosa e está sempre disposta a encarar um recomeço. o vermelho está diretamente associado ao calor e à excitação.
+ roxo / lilás = pessoa muito sensual, sensitiva, misteriosa, dotada de uma privilegiada consciência da própria sexualidade, curiosa, tradicional - porém sempre aberta a novas experiências. o lilás é a cor que representa os órgãos sexuais.

(teste das cores)


(...)


professora: você aí com a blusinha de borboletas. você se considera uma pessoa amigável, aberta?
moi: o que?! ah. não, não muito.
professora: como vocês podem ver, é sempre bom a gente perguntar, porque essas pesquisas nem sempre acertam.

Grindhouse.



































filmes do final de semana.

+ josey wales - o fora da lei. meu tipo de filme. muita briga, muito homem macho, muito senso de humor pastelão de faroeste, clint eastwood.. foda é só que o CLINT passa o filme inteiro cuspindo tabaco preto.. não curto.


+ crimen ferpecto - esse filme é tão legal, mas TÃO legal, que nem precisa de nota ou crítica. é só contar o plot, como TU fez comigo na primeira em que viu essa belezinha.. em linhas gerais: RAFAEL era o rei do piso da loja de departamentos onde trabalhava: comia todas as funcionárias gostosas e era, de longe, o melhor vendedor. um prodígio, capaz de convencer a mais miserável das vadias a comprar o mais luxuoso dos casacos de pele. e que se foda os direitos dos animais etc. o sonho de rafael é ser promovido a novo gerente do piso em que trabalha. PORÉM, a vaga é dada para seu maior rival - uma judiação. eventualmente, rafael e seu rival recém-promovido se metem numa briga e o rival acaba morto. rafael
rafael não teve a intenção de matá-lo, mas nem por isso deixa de enxergar na morte do rival uma boa oportunidade de ser, ele mesmo, o próximo promovido a gerente de piso. aí vem a melhor cena do filme: rafael tentando se livrar do corpo. nos fundos da loja de departamentos, usando um incinerador, rafael só consegue enfiar a cabeça do defunto pela minúscula entrada da fornalha. por mais que ele force a entrada do cadáver, só a cabeça passa pela abertura do incinerador. cada vez que puxa o presunto para fora, na tentativa de conseguir mais impulso, a cabeça aparece pegando mais fogo.. é uma coisa linda de se ver. o filme propriamente dito começa quando rafael tem a idéia de ir até o setor de utilidades domésticas buscar um facão de cozinha para desmembrar o defunto e ir colocando os pedacinhos decepados dentro do incinerador.. o problema é que, quando volta com o facão, ele descobre que o corpo sumiu. mais tarde, fica sabendo que quem escondeu o defunto foi a mais feia das funcionárias da loja: LOURDES, uma baranga nervosa apaixonada por rafael que vai fazer o que for preciso para ficar com ele. ela começa a chantageá-lo, ameaçando ir à polícia caso rafael não a ame, não se case com ela, ou - estando ele agora na condição de gerente - não troque todo o time de gostosas que trabalham na loja de departamentos por uma meia dúzia de mocréias ainda mais mocréias que lourdes..

(eu acho que se eu assistir mais uns dois ou três filmes desse espanhol, vou começar a gostrar mais dele que do almodóvar. sem exagero.)


+ piratas do caribe 2 - o baú da morte - meu tipo de filme. muita ação, muita aventura, muitos efeitos especiais.. johnny depp..

gypsie.

ontem, no caminho para o trabalho, eu fui parada na rua por uma cigana. ela me puxou pelo braço, me olhou com cara feia e disse alguma merda a nível de: "faz favor de parar e me ouvir por decência e consideração". eu não parei. primeiro porque, como todo mundo sabe, mão de cigana é cheia de bichinhos. ciganas transmitem germes e causam doenças. segundo, porque cigana é um bicho traiçoeiro. primeiro elas te enchem de ilusões sobre o futuro lindo e promissor que te aguarda, pra depois pedirem dé-réau pra comprar o leitim das criança ou o remedim pra vesícula.. e se você não libera a grana, a cigana retira tudo o que disse e por fim revela que você vai morrer de câncer em duas semanas. POR ISSO eu não parei. ignorei o puxão e o apelo e segui andando. mas andando toda encanada, porque: 1) a cigana TOCOU em mim. 2) a cigana me olhou com cara feia. e: 3) acho que ouvi ela resmungando algum feitiço enquanto eu apertava o passo e a deixava pra trás. a cigana me amaldiçoou. tenho certeza e tou na lama.

gasp!ontem à noite, depois de ter passado a tarde inteira encanada com o episódio da cigana, eu entrei no ônibus escolar e, advinha só, estavam passando um filme RUSSO sobre MALDIÇÃO. tá certo que eu não tava entendendo direito a história, mas posso garantir que era sobre alguma coisa relacionada a uma loira amaldiçoada que ia destruir o mundo ou qualquer merda assim. também tinham uns vampiros e uma feiticeira no filme.. e um molequinho loiro do bem.. enfim. eu interpretei como sendo um SINAL. de que toda a minha suspeita sobre a maldição não era só mera suspeita..

daí. hoje eu acordo e, quando vou abrir a janela, SEM QUERER eu chuto o pé da escrivaninha e parto a unha do meu dedinho no meio. saiu um monte de sangue.. e eu lembrei da cigana. quando fui pegar o spray anti-séptico no banheiro, descobri que a embalagem estava vazia. também não tinha mais band-aids.. eu fui no mercado da esquina comprar band-aids e uma portadora de síndrome de down me parou na rua tentando me vender uns doces.. eu disse que não iria comprar porque estou de dieta, e ela então começou a andar atrás de mim tentando me convencer de que meu corpo estava super bonito e que uns docinhos não me fariam mal algum.. apertei o passo, até quase-correr, e quando cheguei ao mercado meu pé tava todo coberto de sangue.. um nojo. fui informada de que eles estavam sem band-aids.. aquela conversa de mineiro que já virou até nome de disco: "tem mas acabou".. senti o dedo da cigana nisso daí. de novo. e voltei pra casa torando.. MAIOR MEDÃO.

Déja vu.

u-hu! esse final de semana foi QUENTE!

 

isa tem 25 . fala pouco . mineira . tem em alta consideração adam green, lou reed, tadanobu asano , café preto e a atual novela das oito - que tá pegando fogo!

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guilherme tem 24 . quase-gaúcho . se amarra em mocinhas em apuros e muito sangue . aplaude dario argento, lucio fulci, samuel fuller, love, lou reed & grant morrison.

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Comunhão. extreme cow tipping. tomate information (pt. 2). ed do meu coração. tomate information (pt. 1). Tantas emoções. Magic is everywhere... Curto-circuito. coisas para fazer no trabalho.ou:ed, o robozinho d... Tapa-olho.

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